quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Séculos de tradição

Para falar na Família Roboredo Madeira (RM) é preciso fazer uma viagem ao passado e iniciar a história no séc. XVII, pois é desde essa época que a família RM começou a viver daquilo que a terra dá: azeite, vinho e amêndoas.

Foram estes que abriram portas a quatro séculos de agricultores do Douro Superior.
A viagem, que há poucos anos demorava um dia ou mais, é apenas de duas horas do Porto e pouco mais de três de Lisboa para chegar a Foz Côa.

Voltando ao passado, esta família de agricultores preparava o terreno, estimava a terra e produzia para vender. Foi assim durante séculos!

Foi há 10 anos que, depois da venda de algumas casas do Douro para grandes grupos económicos, Celso Madeira decidiu que iria juntar ao descanso da sua reforma a preocupação de transformar os seus produtos em algo novo.

Arregaçando as mangas iniciou-se nos azeites, produzindo o seu primeiro lote em 1999, ganhando o primeiro prémio num concurso de extra virgens em Vila Real.

O seu começo fantástico criou logo burburinho e uma fama de qualidade que até hoje não perdeu.

Mas foi em 2000 que, de uma adega em S. João da Pesqueira, saiu o primeiro rótulo de vinho com a imagem CARM.

Daí à construção da adega foi um salto curto, terminando a obra em 2004, saindo, nesse mesmo ano, o primeiro vinho produzido e vinificado pela família RM.

Estamos no ano de 2010 e já contam com sensivelmente 120 ha de vinha, 210 ha de olival, 40 ha de vinha nova plantada e mais outros centros de terrenos a explorar.
Filipe Madeira, responsável pela produção e distribuição, confessa que não faz vinho ou azeite para ser o melhor de Portugal, mas sim o melhor do Mundo.

A fasquia é alta e da produção de 400 000 garrafas de vinho de 2009, passaram a 750 000, praticamente duplicando a produção.

A gama começa nos CARM branco e tinto, que se podem encontrar abaixo dos €6, e o rosé abaixo dos €5 nas principais garrafeiras, passando pelos CARM Reserva branco e tinto que têm uma excelente relação preço-qualidade, estando situados nos €10.

O Grande Reserva custa €24, o CM €30, e consta que as próximas coqueluches serão o CM e Maria de Lurdes, que se situarão nos €25.

Agora a surpresa está no Touriga Nacional sem sulfuroso - o SO2 Free!

Do ano 2009 foram produzidas 5000 garrafas que abalaram por completo o mercado, pois é o primeiro vinho certificado DOC totalmente sem sulfitos.

É algo novo, bom e apetecível, tem um nariz muito aromático, onde as cerejas são as primeiras a aparecer. Na boca, é fresco e guloso e, com o tempo, evolui para um néctar chocante - morango com chocolate é a maneira mais simples de o explicar, mas se tentarmos explorar, então muito mais poderemos descobrir.

No El Corte Inglés pode comprar por €20 e, sinceramente, não vai arrepender-se, pois é surpreendentemente agradável.

O final de 2010 e o início de 2011 vão ser certamente anos de surpresas destes agricultores/produtores, pois já tive acesso às cubas e barricas e o que provei ainda é mais surpreendente que o ano transacto.

E se tentou comprar o SO2 Free e não conseguiu, não desespere, que daqui a uns meses vão engarrafar parte dos 40 000 litros e, em Abril terá uma nova oportunidade.

Vinhos, azeites e muitos produtos gourmet são alguns dos prazeres que esta família lhe pode proporcionar.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 03 de Novembro de 2010

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