sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Finalmente é sexta-feira

Foi na quarta-feira que o Paulo Amado (edições do Gosto) e o Fausto Airoldi (presidente do jurí CCA 2010) chocaram uma plateia de vários chefes, seus familiares e amigos, ao anunciarem o vencedor do Chefe Cozinheiro do Ano de 2010.

Ninguém!

Parece que ninguém cumpriu o esperado pelo júri. Decisão corajosa? Ou está na altura de rever os parâmetros?

Pois a mim parece-me que os dois.

Pena a menção desconfortável e evitável à eventual falta de qualidade do ano transacto.

Mas nem tudo são más notícias, a mais fresca e interessante é a abertura de um novo espaço de restauração em Lisboa.

Chama-se Faz Gostos, e a cozinha está a cargo do Duval Pestana que aceitou o desafio dos seus novos sócios António Costa Cabral e Bruno Coutinho.

O que antes era uma fábrica de fogões, ou ainda antes disso um convento, foi transformado pelo Arquitecto Paulo Lobo em algo novo, moderno e fantástico sem destruir a traça do edifício, estilo ao qual já nos habituou.

A gastronomia é aquela que o Duval já bem apresentou, primeiro em Olhão, depois Castro Marim e há pouco mais de um ano, em Faro. Agora acumula duas casas e presenteia-nos com as suas criações e receitas que foi reunindo da mais genuína cozinha tradicional Lusa.

A carta de vinhos divide-se em duas: a primeira é elaborada pelo Prof. Virgilio Loureiro, mais erudita e com escolhas menos conhecidas do público; e a segunda mais tradicional, sem grandes aventuras (incluindo Chateau de Latour, Chateau Petrus, Vega Sicilia).

Para terminar, juntou-se à experiente equipa de barmens do Cinco Lounge e os seus exóticos e coloridos cocktails.
Aberto das 19h às 02h e a sala é para fumadores.
Rua Nova da Trindade, 11 (junto ao teatro da Trindade).
T: 213472249

Mais discreto, e segundo consta ainda numa fase de soft-opening, está o novo D’Oliva, que parece que depois do sucesso no Porto, decidiram arriscar pela capital.

O conceito é o mesmo que conheci e gostei em Matosinhos, mas agora a mais de 300km de distância.

Fica mesmo ao lado da Cinemateca Portuguesa na rua Barata Salgueiro 37-A.
T.213528292

Já no norte, é o Rui Paula que dá cartas ao vencer o prémio Best of Wine Tourism pela Great Wine Capitals Global Network, com o seu restaurante DOC.

Situado no cais da Folgosa, entre o Pinhão e a Régua, é certamente um local a visitar para degustar os seus menus contemporâneos com base na cozinha tradicional duriense e transmontana.
Estrada Nacional 222 Folgosa-Armamar.
T: 254858123.

Relativamente perto deste restaurante, o enólogo da Taylors, David Guimaraens, fez uma das mais fantásticas descobertas que ouvi falar nos últimos anos. Descobriu duas barricas de um vinho do Porto pré-filoxérico, com mais de 155 anos.

O porto que eu tive acesso e degustei está num estado de conservação e de envelhecimento verdadeiramente impressionante.

Penso que é um caso raro e possivelmente único de um estágio tão longo, o que lhe conferiu uma cor de mogno profundo, um aroma complexo e intenso, em que várias coisas nos vêm à cabeça, e depois a boca é uma explosão graciosa e suave, com uma acidez invejável.

Infelizmente não vai ser uma garrafa ao alcance de todos e principalmente de todas as carteiras.

A série limitadíssima do estojo inspirado em instrumentos do século XIX, contendo um decanter de cristal soprado manualmente, vai custar sensivelmente €2.500.

Quem quiser apresse-se a fazer a sua encomenda, que este certamente não vai ganhar pó nas garrafeiras. www.scionport.pt

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 12 de Novembro de 2010

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