quarta-feira, 31 de março de 2010

Sommer - comer para crer

OJE - Lifestyle - 2010.03.31

É um restaurante do qual guardo estima desde a minha primeira visita, onde voltei por mais do que uma vez e nunca me desiludiu.

Fui conhecer a nova carta, que sai possivelmente hoje ou talvez amanhã, e fiquei certo de que a qualidade não se esvaneceu, pelo contrário, amadureceu de forma criativa.

Entrar neste espaço é sempre uma lufada de bom gosto: a decoração é um pouco o rosto dos seus proprietários, bonita, apelativa e cheia de detalhes deliciosos. O laranja a predominar nas paredes, mesas e tecto, a contrastar com a
madeira da pala do tecto.

O aparador que divide a sala do bar e o nome do bar suspenso são alguns dos encantos, que descobrimos pelos recantos.

Mais séria, mas sempre com humor, é a cozinha do Chef Pedro Sommer Ribeiro. Por um lado, a técnica é fortemente respeitada, a criatividade é uma obrigatoriedade e o re
quinte da apresentação revela o seu lado contemporâneo.
Para começar, veio a surpresa do chefe: Cogumelos assados com doce de tomate, torresmos e um ovo escalfado - fez-me lembrar de uma forma divertida as idas aos jogos de futebol.

Boa combinação de texturas, um ligeiro sabor a torresmos, em boa harmonia com o doce de tomate. Um bom chuto de arranque.

De seguida serviram o Moscatel de Setúbal José Maria da Fonseca 2003 e uma Infusão de queijo cabra caramelizado - uma espécie de falso brullé de chèvre acompanhado com uma salada temperada com uma redução de balsâmico.

Boa combinação no prato, mas um pouco apático na cor e o moscatel talvez tenha sido pouco exagerado nesta harmonização.

No prato de peixe, precedido do Castelo d'Alba Reserva 2008 Branco Douro, serviram-se os filetes de peixe-galo com couscous de nozes, chalotas e cogumelos, um prato totalmente equilibrado.

Textura, sabor e aro
mas em harmonia. Um peixe bem confeccionado, rijo, sem estar seco, e as chalotas combinando muito bem com os pleurotes. O vinho estava ao mesmo nível e revelou-se um belo casamento.

Chegou o Ramos Pinto Collection 2007 Douro e a Picanha braseada com gratin de batata-doce e cogumelos salteados, uma carne tenra sem nervuras e muito bem temperada (só sal e pimenta, o resto cabe à qualidade do animal). Uma nota para o "jus" de alecrim e o ligeiro aroma a tomilho que, de forma subtil, enriqueciam o prato.

Termino com a Quinta da Lagoalva de Cima Late Harvest 2008 e o raviolli de ananás com recheio de mousse de maracujá e tiras de hortelã - uma sobremesa bem feita, sem ser demasiado doce, e que veio quebrar as gorduras anteriores.

Quanto à escolha vínica, apesar de interessante, acho que aqui trocava o Late Harvest para a infusão do queijo de cabra e serviria o moscatel com este raviolli. É uma opinião, mas fica lançada a sugestão.

De uma forma global, esta ementa revela que o Sommer não é um projecto adormecido e procura agradar os seus clientes com novos aromas e texturas, mantendo sempre o elevado padrão no serviço e simpatia.

A carta de vinhos continua a crescer e também esta revela um maior cuidado e uma maior preocupação na diversidade e, principalmente, em manter os preços a um nível muito aceitável.

Todos estes factores, aliados àqueles que não se podem descrever, tornam a visita ao Sommer uma experiência a repetir.

A cidade e a sua gastronomia só têm a ganhar, enquanto o Sommer por cá andar!

Para comentar este artigo ou sugerir temas contacte o autor por gourmet@live.com.pt.

Detalhes
Sommer Restaurante
Rua da Moeda, 1-K 1200-275 Lisboa
www.sommer.pt
reservas@sommer.pt
+351 226 169 255 / +351 910 785 558
Horário: Encerra aos domingos. Aberto de segunda
a sexta das 12h30 às 15h, segunda a quarta das
20h às 24h e quinta a sábado das 20h às 02h.
Preço Médio: Almoço: €12, jantar: €30
Tipo de Cozinha: Portuguesas de Autor
Cartões: MB, VISA, MASTERCARD
Notas: Estacionamento fácil ao jantar, médio ao almoço

Texto publicado originalmente no Lifestyle do diário OJE a 31 de Março de 2010

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